quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Baixei a cabeça...



Numa carruagem cheia de pessoas, entre barulho e confusões, eu esperava a hora do comboio partir, quando entra uma pessoa que se diz com sida e que precisa de ajuda económica da nossa parte, pois carece de tratamentos e não possuía qualquer ajuda da parte do estado.

Eu nada fiz, simplesmente baixei a cabeça e fiz de conta que nada me dizia respeito...

Sei que dentro de mim disse a mim mesma, quem te conhece hoje vai-te estranhar, pois não és pessoa de não ver o que se passa à tua volta e de insensível não tens nada...o que se passou contigo hoje?

Não tinha dinheiro comigo, não tinha nem uma sandes naquela altura, mas a razão principal não foi essa, a realidade é que eu sabia que esta pessoa que tanto apregoava a falta de apoios tinha acabado de sair de um belo e bem dispendioso carro e como já não era a primeira vez que tal sucedia, não consegui sequer olhar para a pessoa!

Senti-me mal, como se tivesse falhado nos meus próprios princípios, não ter ajudado alguém que me tinha pedido ajuda...mas ao mesmo tempo a imagem do carro, ele a pagar paquímetro para ter o carro estacionado enquanto vinha para o comboio pedir dinheiro...não consegui...Automaticamente lembrei-me do percurso que faço a pé para poder poupar o dinheiro do paquímetro, e do simples facto que para manter o carro que possuo já me custa, quanto mais um Mazda topo de gama (reconheci-o, pois tenho uma pessoa na família que vende automóveis e tínhamos estado a falar sobre o carro à muito pouco tempo)

Não gostei de baixar a cabeça, logo o gesto que tantas vezes condenei noutras pessoas, mas não consegui saber de uma realidade e olhar com olhar de ajuda e compaixão...

Perdoem-me, simplesmente não levantarei a cabeça nestas situações!

11 comentários:

Patti disse...

Oh minha linda Borboleta, são tantos e tantos os pobres pedintes que proliferam pelos transportrtes públicos, que se formos dar dinheiro a todos ...
Também me custa muitas vezes e até dou se tiver, mas não é a todos. Muitos podiam não estar por ali.
Enfim, o lado triste e injusto da sociedade onde vivemos.

V. disse...

Nestas situações eu reagia sempre de forma ocntrária: olhava o pedinte bem de frente, olhos nos olhos. Quem anda a enganar e a aproveitar-se da boa vontade e misericórdia dos outros é ele. Digo eu segundo os meus padrões.

Quem anda a roubar descaradamente é ele mas em vez de dizer "passa para cá a carteira" diz numa vozinha muito sofredor "uma esmolinha por favor". E depois sai do cmboio e enfia-se no carrinho dele e lá vai todo feliz ao fim de um dia de trabalho, trabalho que dá smepre lucro e que nunca paga impostos.

Baixar os olhos perante uma siuação dessas? Demonstrar humildade a um tipo desses? Era o que faltava!

**

Gi disse...

Eu sei de quem tu falas;
Ele não tem sida coisa nenhuma; o resto dos pormenores não sabia.
Há mais; já um dia enfrentei um e disse-lhe bem na cara certas coisas; ainda levei um safanão e levaria mais se não houvesse quem lhe tivesse feito frente.

De dentro pra fora disse...

Á uns anos atras aparecia cá em casa um senhor com essa mesma conversa, ajudei varias vezes com dinheiro mas houve um mês em que passou duas vezes com a desculpa que era para comprar fraldas para o filho, eu por acaso tinha um saco delas que tinha sobrado do meu, em vez de dinheiro dei-lhe as fraldas...sabes que nunca mais cá apareceu em casa!?...Pois agora só ajudo quem eu conheço e sei que precisa, á custa dos verdadeiros necessitados andam estes parasitas a governar-se, tenho pena mas comigo agora é assim.

M disse...

Oi. Também sei de quem tu falas e sim, tens razão, ele não precisa! E como ele há muitos e ainda tens por exemplo os romenos ou seja lá de onde são, que andam as mulheres a pedir dinheiro para as crianças comerem para depois irem beber cervejas ao pequeno almoço e os miúdos cheios de fome e os homens a fazerem exercícios de aquecimento para se conseguirem contorcer e darem ar de desgraçadinhos aleijados, a envergonharem os verdadeiros deficientes. Tens ainda os miúdos de rua com os seus cãezinhos, para no fim do dia irem dar o dinheiro que recebem aos seus chefes "adultos"... tens os punks, os "sem casa" que andam na rua por opção, que pedem dinheiro a quem trabalha, para eles próprios não trabalharem, com a desculpa que são uns revoltados com da sociedade... querida Butterfly, tal como sabes, trabalhei muito tempo nas ruas de Lisboa, vi e aprendi muita coisa, ganhei frieza para me distanciar destas tristezas... sou capaz de pagar uma refeição a quem vejo mesmo ter necessidade, porque acho que o dinheiro serve mesmo é para isso, pudermos também ajudar o próximo. Sei o que é estar no desemprego, desesperado, mas nunca baixei os braços, acomodado ás ajudas dos outros. Tal como a Thunderlady, também eu ajo de maneira contrária... olho bem nos olhos deles com ar de desprezo, sem uma única palavra. Metem-me nojo... ainda és novinha nestas andanças, vais ganhar calo, mas não te critiques ou recrimines... só se deve ajudar, quem quer ser ajudado e quem quer ser ajudado, é o primeiro a ajudar-se a si próprio. Não fiques triste, porque muitos dos pedintes que vês nos transportes (principalmente) fazem disso a sua profissão e acredita, muitos deles, devido á bondade de pessoas como tu, ganham bem mais do que tu por dia e ainda chegam a ofender, caso não aceites "pagar-lhes as contas"... queres ver pessoas que realmente precisam de ajuda... vai á Praça do Comércio á noite... aí sim tens pessoas necessitadas e que muitas delas, não vês na rua a pedir esmolas... aceitam simplesmente o pouco que as pessoas lhes queiram dar... pessoas educadas e humildes que a sociedade excluiu... ânimo e não tenhas problemas em mostrar o teu desprezo a pessoas como a que encontraste no comboio, pois essas "aberrações" acabam até por prejudicar quem realmente precisa de ajuda...

Beijoca

pensamentosametro disse...

Pronto, cheguei tarde, a Thunderlady, já disse tudo o que havia a dizer. embusteiros há muitos e às vezes dá tanto jeito um feitiozinho como o meu.


Bjos


Tita

Sendyourlove disse...

não tens de te recriminar... temos de aceitar factos, nem todos precisam dos nossos principios e boa vontade.

Girstie disse...

Eu confesso que viro muitas vezes a cara. E porquê? Porque se fosse a dar a toda a gente estava pobre; porque há muitos que têm bom corpo para trabalhar mas escolhem esse meio como sendo mais fácil e porque nem todos dizem a verdade com nesse caso. Por isso, não tens de te sentir mal por nã teres ajudado uma pessoa que tem um carro, anda com ele, paga paquímetro. Só leva a pensar que de facto há muitos sanguessugas nesta sociedade.

Anónimo disse...

Há nos transportes públicos verdadeiros profissionais da pedinchice. Por isso faço frequentemente como a Borboleta e não sinto remorsos nenhuns.

Anónimo disse...

Pois, sei de quem falas... Ele diz que não tem apoio estatal, mas nunca disse que era pobre!

paulofski disse...

Não sei de quem falas mas tiro-lhes a pinta. Não vejo pedintes nos transportes publicos (metro ou bus) mas há os habituais inválidos e idosos nos semáforos, nos passeios e à porta dos hospitais. Tentam levar a vida que têm, uma vida pobre e sofrida mas honesta.