Numa carruagem cheia de pessoas, entre barulho e confusões, eu esperava a hora do comboio partir, quando entra uma pessoa que se diz com sida e que precisa de ajuda económica da nossa parte, pois carece de tratamentos e não possuía qualquer ajuda da parte do estado.
Eu nada fiz, simplesmente baixei a cabeça e fiz de conta que nada me dizia respeito...
Sei que dentro de mim disse a mim mesma, quem te conhece hoje vai-te estranhar, pois não és pessoa de não ver o que se passa à tua volta e de insensível não tens nada...o que se passou contigo hoje?
Não tinha dinheiro comigo, não tinha nem uma sandes naquela altura, mas a razão principal não foi essa, a realidade é que eu sabia que esta pessoa que tanto apregoava a falta de apoios tinha acabado de sair de um belo e bem dispendioso carro e como já não era a primeira vez que tal sucedia, não consegui sequer olhar para a pessoa!
Senti-me mal, como se tivesse falhado nos meus próprios princípios, não ter ajudado alguém que me tinha pedido ajuda...mas ao mesmo tempo a imagem do carro, ele a pagar paquímetro para ter o carro estacionado enquanto vinha para o comboio pedir dinheiro...não consegui...Automaticamente lembrei-me do percurso que faço a pé para poder poupar o dinheiro do paquímetro, e do simples facto que para manter o carro que possuo já me custa, quanto mais um Mazda topo de gama (reconheci-o, pois tenho uma pessoa na família que vende automóveis e tínhamos estado a falar sobre o carro à muito pouco tempo)
Não gostei de baixar a cabeça, logo o gesto que tantas vezes condenei noutras pessoas, mas não consegui saber de uma realidade e olhar com olhar de ajuda e compaixão...
Perdoem-me, simplesmente não levantarei a cabeça nestas situações!
11 comentários:
Oh minha linda Borboleta, são tantos e tantos os pobres pedintes que proliferam pelos transportrtes públicos, que se formos dar dinheiro a todos ...
Também me custa muitas vezes e até dou se tiver, mas não é a todos. Muitos podiam não estar por ali.
Enfim, o lado triste e injusto da sociedade onde vivemos.
Nestas situações eu reagia sempre de forma ocntrária: olhava o pedinte bem de frente, olhos nos olhos. Quem anda a enganar e a aproveitar-se da boa vontade e misericórdia dos outros é ele. Digo eu segundo os meus padrões.
Quem anda a roubar descaradamente é ele mas em vez de dizer "passa para cá a carteira" diz numa vozinha muito sofredor "uma esmolinha por favor". E depois sai do cmboio e enfia-se no carrinho dele e lá vai todo feliz ao fim de um dia de trabalho, trabalho que dá smepre lucro e que nunca paga impostos.
Baixar os olhos perante uma siuação dessas? Demonstrar humildade a um tipo desses? Era o que faltava!
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Eu sei de quem tu falas;
Ele não tem sida coisa nenhuma; o resto dos pormenores não sabia.
Há mais; já um dia enfrentei um e disse-lhe bem na cara certas coisas; ainda levei um safanão e levaria mais se não houvesse quem lhe tivesse feito frente.
Á uns anos atras aparecia cá em casa um senhor com essa mesma conversa, ajudei varias vezes com dinheiro mas houve um mês em que passou duas vezes com a desculpa que era para comprar fraldas para o filho, eu por acaso tinha um saco delas que tinha sobrado do meu, em vez de dinheiro dei-lhe as fraldas...sabes que nunca mais cá apareceu em casa!?...Pois agora só ajudo quem eu conheço e sei que precisa, á custa dos verdadeiros necessitados andam estes parasitas a governar-se, tenho pena mas comigo agora é assim.
Oi. Também sei de quem tu falas e sim, tens razão, ele não precisa! E como ele há muitos e ainda tens por exemplo os romenos ou seja lá de onde são, que andam as mulheres a pedir dinheiro para as crianças comerem para depois irem beber cervejas ao pequeno almoço e os miúdos cheios de fome e os homens a fazerem exercícios de aquecimento para se conseguirem contorcer e darem ar de desgraçadinhos aleijados, a envergonharem os verdadeiros deficientes. Tens ainda os miúdos de rua com os seus cãezinhos, para no fim do dia irem dar o dinheiro que recebem aos seus chefes "adultos"... tens os punks, os "sem casa" que andam na rua por opção, que pedem dinheiro a quem trabalha, para eles próprios não trabalharem, com a desculpa que são uns revoltados com da sociedade... querida Butterfly, tal como sabes, trabalhei muito tempo nas ruas de Lisboa, vi e aprendi muita coisa, ganhei frieza para me distanciar destas tristezas... sou capaz de pagar uma refeição a quem vejo mesmo ter necessidade, porque acho que o dinheiro serve mesmo é para isso, pudermos também ajudar o próximo. Sei o que é estar no desemprego, desesperado, mas nunca baixei os braços, acomodado ás ajudas dos outros. Tal como a Thunderlady, também eu ajo de maneira contrária... olho bem nos olhos deles com ar de desprezo, sem uma única palavra. Metem-me nojo... ainda és novinha nestas andanças, vais ganhar calo, mas não te critiques ou recrimines... só se deve ajudar, quem quer ser ajudado e quem quer ser ajudado, é o primeiro a ajudar-se a si próprio. Não fiques triste, porque muitos dos pedintes que vês nos transportes (principalmente) fazem disso a sua profissão e acredita, muitos deles, devido á bondade de pessoas como tu, ganham bem mais do que tu por dia e ainda chegam a ofender, caso não aceites "pagar-lhes as contas"... queres ver pessoas que realmente precisam de ajuda... vai á Praça do Comércio á noite... aí sim tens pessoas necessitadas e que muitas delas, não vês na rua a pedir esmolas... aceitam simplesmente o pouco que as pessoas lhes queiram dar... pessoas educadas e humildes que a sociedade excluiu... ânimo e não tenhas problemas em mostrar o teu desprezo a pessoas como a que encontraste no comboio, pois essas "aberrações" acabam até por prejudicar quem realmente precisa de ajuda...
Beijoca
Pronto, cheguei tarde, a Thunderlady, já disse tudo o que havia a dizer. embusteiros há muitos e às vezes dá tanto jeito um feitiozinho como o meu.
Bjos
Tita
não tens de te recriminar... temos de aceitar factos, nem todos precisam dos nossos principios e boa vontade.
Eu confesso que viro muitas vezes a cara. E porquê? Porque se fosse a dar a toda a gente estava pobre; porque há muitos que têm bom corpo para trabalhar mas escolhem esse meio como sendo mais fácil e porque nem todos dizem a verdade com nesse caso. Por isso, não tens de te sentir mal por nã teres ajudado uma pessoa que tem um carro, anda com ele, paga paquímetro. Só leva a pensar que de facto há muitos sanguessugas nesta sociedade.
Há nos transportes públicos verdadeiros profissionais da pedinchice. Por isso faço frequentemente como a Borboleta e não sinto remorsos nenhuns.
Pois, sei de quem falas... Ele diz que não tem apoio estatal, mas nunca disse que era pobre!
Não sei de quem falas mas tiro-lhes a pinta. Não vejo pedintes nos transportes publicos (metro ou bus) mas há os habituais inválidos e idosos nos semáforos, nos passeios e à porta dos hospitais. Tentam levar a vida que têm, uma vida pobre e sofrida mas honesta.
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